quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Funções tipicamente femininas: psicóloga, professora, enfermeira ...

Referências preconceituosas ao trabalho doméstico sempre me desagradaram. Não consigo entender o preconceito de muitas mulheres que, tanto quanto certos homens, não reconhecem o valor de um trabalho que só não é um trabalho como outro qualquer por ter mais importância que todos os demais. Pode, até, não ser prazeroso, pode ser estafante, por vezes... Mas só não lhe reconhecem o valor, por ironia, justamente aqueles que sempre tiveram quem lhes atendesse, como camareiras de luxo de um hotel 5 estrelas rsrsrsrsrsrsrsrrsrsrs.

Lembro-me que, ao aproximar-se a data da minha aposentadoria muitos me indagaram o que seria dos meus dias, em casa, que futuro sem graça, sem charme, sem vestir aquele “traje de executiva”, todas as manhãs... Mais ou menos como se o valor da existência feminina, antes completamente associado ao exercício dos papeis de esposa e mãe, agora dependesse da permanência no espaço profissional.

Por isto, ao desenhar o meu perfil, sublinhei a minha condição de “dona de casa que toma conta do neto e de outros afazeres domésticos”, papel de que muito me orgulho. Não precisamos mais provar que podemos “existir” fora do lar. É hora, portanto, de avaliarmos a nossa própria visão quanto à função de educadora, psicóloga, enfermeira, nutricionista, economista, decoradora, faxineira, cozinheira ... Ufa! O quê mais?! Tantas profissões cabem no papel de “dona de casa” que, algumas delas, também passaram a sofrer do mesmo estigma, na medida em que foram qualificadas, sempre com altas doses de sarcasmo, como profissões tipicamente femininas.

Apesar do título, “bobagens e bobeiras”, está visto que a idéia não é desqualificar a temática que, tão importante quanto a do meu outro blog, faz parte do perfil em associação à profissão que exerci até a aposentadoria.

Torço para ter mais visitas femininas e, quem sabe, comecemos algumas discussões e desabafos interessantes, onde os homens serão bem vindos é claro.

O interessante é notar que também a educação tem sido desqualificada, tratada como coisa menor, sem a merecida relevância, os professores recebendo salários de merreca enquanto grupos chamados de elite, no Serviço Público Federal, ganham salários nababescos. Por que será que, justamente aquilo que cerca mais de perto o ser humano, que pode tocá-lo e promover verdadeiramente o seu crescimento, o lar e a escola, recebe esse tratamento de segunda, da sociedade e dos governos?

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Quem está no comando?

No artigo anterior, declarei que não desisto diante de obstáculos. Às vezes, desisto. A insistência, diante de certas situações, pode sinalizar a nossa dificuldade em aceitar o inevitável, de sair em busca de outras soluções, de tentar trilhar outros caminhos.

Desisti, por exemplo, do casamento. Faz muito tempo; mas, ainda me lembro das incontáveis vezes em que tive de ouvir a seguinte frase: você está pensando que é o homem da casa?

Ser casada, para a minha geração, significava abdicar do direito de pensar e de decidir. E, ainda agora, com a velha desculpa de que “é preciso combinar, dividir” há pessoas que, autoritariamente, tolhem seus companheiros.

A cada passo, prestar contas, dar satisfação? É praticamente impossível já que decidir e escolher, rapidamente, é uma exigência que a vida moderna impõe, a cada momento, a homens e mulheres. Logo, é preciso, sobretudo, confiar e respeitar o outro.

No passado, já remoto, quando os papeis, feminino e masculino, eram nitidamente distintos e a vida transcorria, lentamente, sempre igual, geração após geração, pouco havia o que ponderar. Mas, especialmente a partir dos anos 70, ver-se na contingência de “pedir permissão” ...

Recentemente, me surpreendi quando uma mulher respondeu a um anúncio que publiquei para vender móveis em desuso, tudo bem baratinho. Ela ligou, indagou, veio à minha casa aproveitando o intervalo de almoço; e decidiu parcialmente: precisava aguardar o retorno do marido que estava viajando. Comprou uns itens e outros não. Precisava “pedir autorização” para usar o seu próprio dinheiro!

Desculpar, relevar deslizes ou substituir a empregada? Aproveitar o marceneiro da vizinha e consertar, embelezar os móveis? Fazer as compras do mês hoje ou aguardar a promoção da semana que vem? Ou comprar semanalmente aproveitando promoções ocasionais? Substituir as cortinas aproveitando a promoção que acabou de encontrar na lojinha da esquina? Não complementar para o jantar, quem quiser que faça um lanche... Reformar o banheiro ou trocar de carro?

Há quem exija discutir sobre tudo, compartilhar tudo, principalmente quando há gastos envolvidos. Melhor dizendo, há os que gostam de exercer o poder e para isto não hesitam em contrariar a lógica: “como ousa agir por conta própria? Desfaça agora mesmo!” é o lema dos viciados em mandar que, por isto, sempre encontrarão mil pretextos para desmerecer a iniciativa alheia, especialmente as iniciativas femininas.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Pagando penitência

No meu apartamento, alugado, o piso é branco. Mas não é uma cerâmica lisa; é do tipo antiderrapante, uma necessidade de sua antiga moradora, uma senhora com deficiência de locomoção. Há um ano, desde que aqui resido, tento clarear, deixar o mais próximo possível do que eu imagino fosse o aspecto original. Não sei como ela “suportou” essa e outras particularidades desta residência. Às vezes eu brinco: parece que ela se detestava ou era um tanto masoquista. Uma superfície branca e que não é lisa, com sinuosidades onde a sujeira se acumula; superfícies, de dependências de serviço, em declive que contraria a lógica, impedindo o escoamento de água em direção aos ralos; antes, fazendo com que deslize diretamente para a porta da rua. Lavar? Impossível.

E o que eu faço aqui? Seria, também masoquista? Estaria pagando alguma penitência? Não sei. Sei que não desisto fácil diante de um obstáculo, no âmbito doméstico ou fora dele.

Gastei bastante com produtos para limpeza de pisos e, finalmente, na falta de tais e com os resultados pífios, testei uma velha conhecida de qualquer dona de casa: água sanitária pura. Deu certo! Finalmente o piso voltou a ser branco. Minhas mãos, à vista do mal trato a que foram submetidas, até que estão bem. E a empregada? Ela apenas ajuda. Quando faço algo que traga algum risco, faço eu mesma. A imprudência de usar o produto puro deve ser arcada por quem decide ser imprudente não é mesmo? Vejo, às vezes, empregadas domésticas penduradas em janelas de apartamentos, sem qualquer proteção. Se há risco, por que expor os outros?

Procuro usar toda a prudência possível quando decido ser imprudente! Tomo cuidado, não se trata de uma tentativa de suicídio, de auto-imolação rsrrsrsrsrs...
Mas, e quanto à outra pessoa, que garantia eu teria de que ela seria paciente e cautelosa de modo a se expor o mínimo possível?

Mas, a verdade é que, a dona de casa sempre extrapola, faz mais do que suas capacidades físicas lhe permitem: arrasta móveis pesados mudando a decoração, sobe e desce secador de roupa, executa os tais movimentos repetitivos causadores da LER limpando o chão, lavando os pratos, descascando legumes, batendo a massa, passando roupa, varrendo a casa... Se não é a dona de casa, é a empregada. Há sempre uma mulher provendo a ordem e o conforto.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Existe uma "escola de pais"?

O Pedro disse: eu quero ser tudo o que o homem pode ser: eu quero ser irmão, eu quero ser tio, eu quero ser pai, eu quero ser avô... E indagou: Vó, você também é filha, não é?

Sou Filha, mas, ainda não sou tudo o que uma mulher pode ser rsrsrsrsrsrs.
Em compensação acho que posso gabar-me de estar proporcionando um ambiente familiar agradável para o Pedro. Tanto que ele, tão espontaneamente, dá esse incrível relevo aos afetos, às relações familiares; e projeta, para si, um futuro rico onde, seja qual for a profissão, e os ganhos, o prêmio maior, o alvo principal, será o outro de quem ele será pai, tio, avó...

Bom que ele, tão jovem, já sabe tudo!!!!!! Sabe tudo o que realmente importa. Só não sabe que dispensar as receitas da vovó é falta de educação; e que miojo não é alimentação! Quem lhe ensinou? Ou não ensinou?

Educamos e deseducamos. E resta-nos nutrir a expectativa de que eventuais prejuízos serão superados; apagados pelo tempo; ou pela Psicanálise?
Afinal, existe uma escola de pais?

domingo, 16 de setembro de 2007

Tem miojo, vó?

Sozinha, por 4 meses sem empregada, exercitei minhas habilidades “femininas” e, à falta delas, usei meus truques. Para mim, que sou prática e acelerada, fazer o trivial com poucas variações aqui de casa, copiando receitas de programas de TV, de livros e de jornais, não funciona: tudo me parece complicado, com ingredientes que não estão disponíveis em casa e que, quando busco nos supermercados, não encontro facilmente. Foi aí que descobri um endereço virtual, que já está devidamente linkado, o Tudo Gostoso.
O diferencial é que as receitas são postadas por internautas; testadas e comentadas por cada um que as executa; e que volta ao site para registrar seu entusiasmo, contar como foi maravilhoso o almoço de domingo, em família, ou o bem sucedido jantar a dois para comemorar o aniversário de namoro ou casamento... E, até, para protestar contra quem ousou criticar uma receita: “sai fora, a receita é boa, trate é de aprender a cozinhar.”

Pedro, o meu neto de 5 anos, não se entusiasma com os meus resultados. Está com manias limitadoras típicas de adolescentes (hoje, é tudo tão precoce); nem quer experimentar! Seu lema: “não sei, não quero saber...”, “não comi e não gostei”; tem miojo vó?

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Mudança radical: queda no consumo

O consumo, por aqui, diminuiu. Manteiga, maionese, margarina e similares, em embalagens grandes que, agora, duram uma eternidade na geladeira, podendo até, estar se tornando impróprias para o consumo, estão sendo substituídas. Resultado: há mais espaço, as despesas vão sendo reduzidas e ninguém se arrisca a sofrer uma intoxicação alimentar...

Quanto tempo, levamos, até perceber, certas alterações que, muito próximas, ou em nós mesmos, estão a exigir pronta adaptação? Nenhum alerta, nenhum sinal; e continuamos com a mesma rotina, como autômatos obedientes a um comando plantado em nosso cérebro em uma ocasião já distante. Um dia dizemos: a ficha caiu um pouco tarde, poderia ter me livrado (disto, ou daquilo) há tanto tempo!!

Os meus “clientes” deixaram para trás a fase de crescimento. E vivem muito ocupados, estudando, trabalhando... Ninguém mais está disponível para, a cada 15 minutos, abrir a porta da geladeira e dos armários da cozinha e dizer: não tem nada gostoso para comer? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

domingo, 26 de agosto de 2007

Perdendo peso sem ir à academia

Graças a exercícios aeróbicos e de musculação (suspendendo o secador de roupa, passando pano no chão, etc.) emagreci e perdi barriga, sério, é verdade!!Fui vestir uma calça preta cigarrete, manequim 38, que eu adoro e, surpresa, está folgada.

Conto, não para provocar inveja, mas para incentivar donas de casa mais cheinhas...Em compensação, preparem-se: dores nas articulações e na coluna kkkkkkkkkkkkk

Conclusão: caminhadas, musculação em boa academia e, principalmente, resistir à gula e à ansiedade que nos leva a repetir um outro exercício, o da mastigação, são as melhores receitas.

sábado, 25 de agosto de 2007

Toalhas felpudas e macias dão trabalho extra!

Meu filho mais velho aniversariou. Ganhou um presente para o seu novo lar, jogos de toalhas de banho, felpudas, macias, bem grandes... nada a ver com as toalhas que eu tenho aqui em casa ...

Escolho, cuidadosamente, as toalhas que devem ficar no meio termo entre um conforto mínimo ao tato, o peso e o tamanho de modo que não se tornem um estorvo na “operação lavar”, “secar”, “guardar” ... Explicando: toalhas grandonas e felpudas ocupam muito espaço, pesam na máquina de lavar, demoram para secar e, em espaços reduzidos combinados com dias úmidos, acabam cheirando a mofo.

Atividades domésticas requerem estratégias, dignas de serem batizadas com esses nomes criativos, às vezes grotescos, que a PF inventa.

Desde cedo precisei de estratégias: aprender a simplificar, a colocar em primeiro plano aquilo que realmente, tem importância. Foi assim que consegui criar 4 filhos trabalhando em jornada de oito horas diárias, sem enlouquecer, sem negligenciar meus compromissos profissionais, sem deixar de estar atenta ao que se passava com a criançada.

Os recursos sempre foram reduzidos e o tempo ultra-escasso. Eu não podia contar com uma babá, com cursos de natação, de inglês, etc, atividades que mantivessem a garotada ocupada. Uma vez, li uma entrevista com a Maria Silvia Bastos Marques, aquela super executiva que presidiu a CSN. Ela havia tido gêmeos mas, ai que inveja, podia contar com toda a infra-estrutura proporcionada pelo seu alto salário. Que bom para ela e seus gêmeos!

Eu, aqui, nenhuma colher de chá! Ou de sopa, bem grande, dessas que o dinheiro, esse que dizem que não traz felicidade, é capaz de proporcionar. Então, tome estratégia, tome desapego e doses cavalares de simplicidade!

Mas, no afã de presentear, cometi um deslize, esqueci que sou eu quem, ainda, está lavando as “roupitias”!

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Delegando sem Perder o Controle

Compartilhei, com meus poucos leitores, reminiscências que ia guardando enquanto vivia a experiência de assumir, integralmente, o papel de dona de casa, na ausência da minha caríssima auxiliar; tempo que aproveitei para corrigir algumas coisinhas, que não estavam visíveis para mim, na distância em que, antes, me colocava; o que é completamente normal quando não se tem o vício da centralização, quando se exerce a liderança de forma democrática.

Catellius comentou, zombeteira e muito apropriadamente:

""E descobrir, por exemplo, que havia desperdício de alimentos e de material de limpeza, apesar de existirem cantinhos requerendo uma faxina mais caprichada e, principalmente, perceber que não se estava comendo muito bem: muita comida requentada em microondas."
É, Luisete... Descontrole=corrupção... Brincadeira! Se isso acontece na minha, na sua casa, imagine como é em nível nacional, com esse desgoverno do PT...”" (grifei).

Tem razão, o Catellius; quando delegamos, assumimos riscos. Mas, vale a pena. Delegar significa se desobrigar da execução para ter mais tempo livre.

E eu estou aqui, de volta, com tempo e liberdade para exercer outros papeis, além do papel de dona de casa, de que muito me orgulho. Enquanto eu estava sem tempo, o tempo, que não brinca, que não posterga, passava...E trouxe de volta aquela que me permite ter mais tempo!

Algumas perdas materiais vão acontecer, provavelmente; mas largamente compensadas por outros ganhos, ganhos que não podem ser mensurados materialmente.
Nas grandes organizações, inclusive na administração pública, as coisas se passam de forma semelhante. É indispensável delegar. A centralização é a principal responsável pelas grandes perdas, como ocorre no Governo Federal, onde vidas humanas se vão enquanto o Poder Central permanece sentado sobre o cofre, onde estados e municípios vivem de pires na mão.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A Lição de Rita Apoena

Talento e disponibilidade nem sempre estão presentes simultaneamente. Às vezes, desconhecemos nossos próprios recursos; ou estamos presos à satisfação das necessidades mais prementes, forçados a relegar a um plano secundário, a uma ocasião futura, a realização de desejos que nos são caros. Tudo o que diz respeito ao refinamento do espírito, ao auto-conhecimento, às possibilidades de ganhos intelectuais e culturais, é negligenciado ante a necessidade humana de garantir um teto e, pelo menos, quatro refeições básicas diárias rsrsrsrsrs.

A mulher, principalmente, é uma escrava dessas contingências na missão de garantir o próprio sustento e o de terceiros e o de prover cuidados à família. Por que ela abre mão de si mesmo, por assim dizer, os tais “terceiros” (marido, filhos e agregados) têm a chance de progredir. O lar é um mini estado com muitos encargos onde tudo precisa acontecer no tempo certo para que a ordem se mantenha. E, por que a ordem se mantém, pouco se valoriza a pessoa que conduz essa orquestra que produz a suave melodia da paz doméstica; seja a própria dona da casa, seja a empregada, nem a própria mulher, às vezes, valoriza o trabalho doméstico.

Quando criei este Blog, era nisto que pensava, nas “bobagens”, nas pequenas coisas que faz a vida de uma dona de casa, nos mil e um problemas do cotidiano que precisamos resolver. Pretendia, e pretendo, fazer pequenos relatos usando o que penso ser o meu talento: escrever. Mas fui pega pela falta de disponibilidade; quando precisei mergulhar de cabeça nas tarefas de limpar, de fazer supermercado, cozinhar e, ainda, manter o de sempre, conversar e usufruir da companhia dos meus filhos e do meu neto.

Fiz planos de me dedicar integralmente à escrita, já me comprometi com terceiros para escrever um livro na minha área (controle interno) e para desenhar um projeto dirigido a uma questão específica de administração pública... Ainda não pude por em prática tais ações. Aí, um dia, acesso um blog ultra interessante, de uma jovem que dá uma lição a esta experiente senhora no limiar da terceira idade: simplesmente, isolou-se, deixou tudo de lado para escrever o seu livro. Rita Apoena é o nome, ou pseudônimo, da menina. Ler o que ela escreve é um grande prazer. Quando consigo um tempinho, vou até lá. Aí, outro dia, outra menina, a Fábia Rossoni, posta aqui um comentário e, logo, leio, no seu perfil, sobre os seus projetos sendo postos em prática.
Gente, estou com vergonha dessas minhas desculpas... Será que são esfarrapadas? Será que posso fazer o tempo?

terça-feira, 5 de junho de 2007

Assumindo o controle em casa

Depois de ter afirmado, aqui, que não consumiria mais do que duas horas do meu tempo cozinhando, tenho que admitir que fracassei. Passei as últimas semanas totalmente dedicada às atividades do lar! Não é nada mal mergulhar no universo doméstico, assumir o controle de tarefas que estavam entregues à “Secretária”. E descobrir, por exemplo, que havia desperdício de alimentos e de material de limpeza, apesar de existirem cantinhos requerendo uma faxina mais caprichada e, principalmente, perceber que não se estava comendo muito bem: muita comida requentada em microondas. Prefiro dosar a quantidade, cozinhar todos os dias para que os comensais, principalmente o meu neto, sinta o aroma do alimento que está sendo preparado e pergunte: vó, o almoço vai demorar muito para ficar pronto? Tô com uma fome...

Mas, eu sou básica, é o meu jeito; não tenho aquele perfil de quem gosta de fazer da cozinha um laboratório para mil e uma experiências. Não tenho perfil mas capricho no essencial. Os filhos estão gostando. Pelo menos, até aqui, ninguém reclamou. Ou será que estariam, somente, querendo agradar a mamãe?

Vejam a coincidência: meu neto acabou de perguntar-me se vou querer macarrão que a mãe dele está na cozinha preparando. Respondo que há sobra do almoço na geladeira e ele, imediatemente, rebate com a sinceridade típica das crianças: sua filha falou que a comida não está boa... Putz!!!

terça-feira, 27 de março de 2007

A minha versão dona de casa está em ação

A minha versão "dona de casa" foi ativada, há duas semanas, quando fiquei, temporariamente, respondendo pelo expediente aqui de casa. Ai, que canseira ... Mesmo atacando de "trivial com poucas variações" o meu tempo encurtou; e a outra versão de mim, a que escreve sobre corrupção e incompetência no Serviço Público Federal, está mais prá lá do que prá cá, a bem dizer quase parando.
E no entanto, a outra versão só vê motivos para comemorar já que, finalmente, alguém mais, além de mim, arrancou a máscara da CGU, aquela instituição pública que faz de conta que controla as contas do governo, sempre citada nas primeiras páginas dos jornais do país, por descobrir falcatruas lá em "Deus me livre", enquanto nos ministérios, em Brasília, os saqueadores fazem a festa: entram e saem tranqüilamente, à luz do dia.
Mas, comemorar dá trabalho, é preciso ler as 70 páginas do relatório em que o TCU enumera os seus "achados" de auditoria. Fazer isso, depois de ter passado 4 horas no exerício das nobres atividades de cortar cebola, lavar alface, arroz, vigiar o tempo de cozimento, lavar a louça e ...
Precisei ausentar-me: o tanque transbordou com a água descartada pela máquina de lavar e inundou a cozinha ... Tive que recolher a água com um pano já que não há ralo, na cozinha e na minúscula área de serviço. Beleza não é mesmo? Ótimo exercício: um balde, um pano; encharca o pano, torce, encharca, torce ... até secar o chão. Pago, de aluguel, a bagatela de R$ 950,00. Baratinho, não?
A ocasião, especialmente o evento "seca chão", é bastante oportuna a algumas reflexões. Faz lembrar o debate em que me envolvi no Pugnacitas (http://www.pugnacitas.blogspot.com), sobre as possibilidades que a classe média baixa tem de frequentar museus. E não posso deixar de usar mais um bordão (Se temos um Presidente que usa e abusa de bordões e de metáforas asquerosas...); um bordão chulo seria o mais adequado ao mau humor que restou, após o exercício forçado; mas, como sou educada e devo respeito a quem lê ... E o resquício de mau humor foi incrementado com o que li em http://www.fabiomayer.zip.net/ sobre precatórios do Governo Federal...

Ah se os ******* pagassem o que me devem, e não só a mim, mas, aos herdeiros da minha mãe e de um irmão, recentemente falecidos ... O Governo Federal faz leis e não as cumpre enquanto nós, cidadãos, ficamos reféns, a mercê do que chamam de justiça.
"Pimenta nos olhos dos outros é refresco"

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Trivial com poucas variações

Procuro ser breve quando estou no comando do fogão rsrsrsrsrs... Nada de receitas com mais de três linhas e mil e um ingredientes. Não e não. Uma comidinha simples; bem feita, é claro, com os temperos básicos (cebola, alho, folha de louro), que possa ser devidamente soboreada mas que não me prenda mais do que 90 minutos. É o meu limte. Afinal, tenho mais o que fazer.
Eis meu "cardápio-faça-tudo-rapidinho": além do feijão com arroz obrigatório: salada verde com tomate, purê de batata, carne picadinha ou assada, peito de frango assado, frango refogado com pequi, macarrão com queijo e presunto e legumes refogados. E não poderia faltar o prato típico de qualquer preguiçoso, baião de dois: mistura de feijão, arroz, linguiça de paio, bacon, uma espécie de arroz de carreteiro do Nordeste.
Sempre que escuto esse papo de "a comidinha da mamãe é melhor", sinto pena dos meus filhos, coitadinhos; na casa da mãe deles o papo é outro, ou melhor, o cardápio é muito "simplesinho".
E, agora, que a minha empregada estará de licença-gestante, estou em contagem regressiva, morrendo de medo da cozinha, do tempo que me consumirá preparar os alimentos que consumiremos. O jeito é fazer graça para não perder o humor e marcar o tempo: mais do que 90 minutos na cozinha? Não e não.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Domingo

Estou com uma preguiça... daquelas de final de gripe. E o dia nublado, meio frio, o silêncio reinante, tudo contribui para esse meu estado letárgico. Li os jornais, por cima, tudo chama a atenção mas nada consegue me arrancar deste estado, nem o título "Receita multa por sonegação o presidente reeleito da ALERJ", estampado na primeira página de "O Globo". O Presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro terá de pagar 1,5 milhão em impostos e multas.
Enquanto isto, o riobodycount (www.riobodycount.com.br) estampa os números da violência de hoje, no Rio de Janeiro. Decido voltar à preguiça, ficar aqui, "alienada", meditando para afastar esses fantasmas. Ou seria melhor fumar um cigarro?

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Privilégio? que privilégio?

Adoro o mar; é meu sonho de consumo, estar nas proximidades, contemplar aquela vastidão, ouvir o murmúrio, sentir o cheiro ... Sonho difícil de realizar, plantada aqui no Centro-Oeste, a 1200 km do litoral.

Me disse privilegiada por ter nascido no Rio de Janeiro e por morar em Brasília. É que essas circunstâncias permitiram que eu estivesse, desde cedo e sempre, em contato com muitos brasis, espelhados na face de brasileiros de todos os cantos, que migraram para a antiga capital da República e, depois, para a nova; e foi assim que eu aprendi a apreciar diferenças; tons, sons e sabores, deixando de lado preconceitos e estereótipos. E sem precisar gastar um tostão. Eu, que sempre fui "dura", pude conhecer um pouco do Brasil sem sair do lugar.
E mais; ainda fascinada pelo mar, tenho que me contentar em admirar, platonicamente, fotos de férias, as minhas e as de generosos viajantes que postam as suas em albuns na Internet.
Será que sou, mesmo, privilegiada?

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

BOBAGENS E BOBEIRAS

Bobagens e Bobeiras. Houve um tempo, antes da globalização da TV Globo, em que os regionalismos permaneciam circunscritos dentro de fronteiras geográficas. E causavam estranheza, até rejeição, como se fosse errado chamar de "ramona" os grampos femininos para prender os cabelos. Ou dizer que a filha da vizinha teve um "siricutico" em regiões onde a expressão corrente é "faniquito", ou "xilique", ou sabe-se lá o que mais neste país-continente rico em diversidades.
Antes que as novelas da TV Globo virassem mania nacional homogeneizando o falar do povo; antes de existir Brasília, fincada no Centro-Oeste como um rio onde vieram desaguar correntes migratórias de todos os cantos do país (e onde eu tenho a sorte de morar, somada à sorte de ter nascido em outra metrópole-mãe, o Rio de janeiro) ... Antes disto, quando eu era, ainda, uma menina, "bobagem" era a expressão carioca para "bobeira" do mineiro e do goiano; num tempo em que ainda não era corriqueiro o uso, de norte a sul do país, da expressão "fulano marcou bobeira", num tempo em que eu nem sonhava que, um dia, no futuro, iria amar um arroz com pequi, prato típico da culinária goiana!

SEM TALENTO E SEM AUTO-COBRANÇAS

A minha sorte é que, enquanto o meu talento para decoração era zero, por divina "coincidência" eu também não prestava muito atenção ao redor; a desordem exterior me incomadava pouco. Aliás, eu nunca fui muito visual; sempre introvertida, olhando mais adiante num ponto perdido qualquer. Roupas, rostos, belos, feios? Não me perguntem cores ou tamanhos que a minha memória não retém. Sempre passei por "metida", nessa imersão involuntária.
E comprando adornos para casa? Perco-os, muitas vezes. É que, na loja, são lindos, me atraem irresistivelmente. Chegando em casa, um desastre, não tem nada a ver; me dou conta de que a peça não se adapta a lugar algum. Fico, então, escrava dos tons pastéis, onde o risco de errar é menor. O pior é que eu amo cores berrantes, vivas mas tenho que evitá-las. Elas falam à minha sensibilidade mas o cérebro não faz a sua parte, não organiza os tons e os objetos. Eta sensibilidade esquisita!
Li, e me apaixonei, um livro do Neurologista Oliver Sacks, Um antropólogo em Marte. E havia o relato da experiência do tratamento de um pintor que conseguia retratar uma cidade inteira, de memória: mistérios de um cérebro privilegiado em um setor e deficiente em vários outros. Penso que cada um de nós tem seus próprios mistérios neurológicos.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

NENHUM TALENTO PARA DECORAÇÃO

Sempre às voltas com mudanças e sem nenhum talento para decoração. A vida nem sempre te instrumenta para as dificuldades que hão de vir, que farão parte do teu destino. Alguns parecem nascer prontos. Sabem, desde cedo, o que lhes cabe, como fazer, como ocupar seu espaço neste mundo. São os tais talentos inatos. Outros ralam para aprender.
Com o passar do tempo, e 15 mudanças mais tarde, aprendi a organizar melhor o espaço do lar-doce-lar. Mas o bom gosto e a habilidade da minha mãe quem herdou foi a minha irmã.
Um teste psicotécnico revelaria que a minha "inteligência espacial" é quase nula. Então, é um tanto torturante, preciso arrastar os móveis pela casa para testar o que cabe e o que fica bem aonde.
Mas, progredi, acho. Fui arrumar o AP do meu filho. Gostei do resultado. Espero que os outros gostem também.