Lembro-me que, ao aproximar-se a data da minha aposentadoria muitos me indagaram o que seria dos meus dias, em casa, que futuro sem graça, sem charme, sem vestir aquele “traje de executiva”, todas as manhãs... Mais ou menos como se o valor da existência feminina, antes completamente associado ao exercício dos papeis de esposa e mãe, agora dependesse da permanência no espaço profissional.
Por isto, ao desenhar o meu perfil, sublinhei a minha condição de “dona de casa que toma conta do neto e de outros afazeres domésticos”, papel de que muito me orgulho. Não precisamos mais provar que podemos “existir” fora do lar. É hora, portanto, de avaliarmos a nossa própria visão quanto à função de educadora, psicóloga, enfermeira, nutricionista, economista, decoradora, faxineira, cozinheira ... Ufa! O quê mais?! Tantas profissões cabem no papel de “dona de casa” que, algumas delas, também passaram a sofrer do mesmo estigma, na medida em que foram qualificadas, sempre com altas doses de sarcasmo, como profissões tipicamente femininas.
Apesar do título, “bobagens e bobeiras”, está visto que a idéia não é desqualificar a temática que, tão importante quanto a do meu outro blog, faz parte do perfil em associação à profissão que exerci até a aposentadoria.
Torço para ter mais visitas femininas e, quem sabe, comecemos algumas discussões e desabafos interessantes, onde os homens serão bem vindos é claro.
O interessante é notar que também a educação tem sido desqualificada, tratada como coisa menor, sem a merecida relevância, os professores recebendo salários de merreca enquanto grupos chamados de elite, no Serviço Público Federal, ganham salários nababescos. Por que será que, justamente aquilo que cerca mais de perto o ser humano, que pode tocá-lo e promover verdadeiramente o seu crescimento, o lar e a escola, recebe esse tratamento de segunda, da sociedade e dos governos?