quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

BOBAGENS E BOBEIRAS

Bobagens e Bobeiras. Houve um tempo, antes da globalização da TV Globo, em que os regionalismos permaneciam circunscritos dentro de fronteiras geográficas. E causavam estranheza, até rejeição, como se fosse errado chamar de "ramona" os grampos femininos para prender os cabelos. Ou dizer que a filha da vizinha teve um "siricutico" em regiões onde a expressão corrente é "faniquito", ou "xilique", ou sabe-se lá o que mais neste país-continente rico em diversidades.
Antes que as novelas da TV Globo virassem mania nacional homogeneizando o falar do povo; antes de existir Brasília, fincada no Centro-Oeste como um rio onde vieram desaguar correntes migratórias de todos os cantos do país (e onde eu tenho a sorte de morar, somada à sorte de ter nascido em outra metrópole-mãe, o Rio de janeiro) ... Antes disto, quando eu era, ainda, uma menina, "bobagem" era a expressão carioca para "bobeira" do mineiro e do goiano; num tempo em que ainda não era corriqueiro o uso, de norte a sul do país, da expressão "fulano marcou bobeira", num tempo em que eu nem sonhava que, um dia, no futuro, iria amar um arroz com pequi, prato típico da culinária goiana!

SEM TALENTO E SEM AUTO-COBRANÇAS

A minha sorte é que, enquanto o meu talento para decoração era zero, por divina "coincidência" eu também não prestava muito atenção ao redor; a desordem exterior me incomadava pouco. Aliás, eu nunca fui muito visual; sempre introvertida, olhando mais adiante num ponto perdido qualquer. Roupas, rostos, belos, feios? Não me perguntem cores ou tamanhos que a minha memória não retém. Sempre passei por "metida", nessa imersão involuntária.
E comprando adornos para casa? Perco-os, muitas vezes. É que, na loja, são lindos, me atraem irresistivelmente. Chegando em casa, um desastre, não tem nada a ver; me dou conta de que a peça não se adapta a lugar algum. Fico, então, escrava dos tons pastéis, onde o risco de errar é menor. O pior é que eu amo cores berrantes, vivas mas tenho que evitá-las. Elas falam à minha sensibilidade mas o cérebro não faz a sua parte, não organiza os tons e os objetos. Eta sensibilidade esquisita!
Li, e me apaixonei, um livro do Neurologista Oliver Sacks, Um antropólogo em Marte. E havia o relato da experiência do tratamento de um pintor que conseguia retratar uma cidade inteira, de memória: mistérios de um cérebro privilegiado em um setor e deficiente em vários outros. Penso que cada um de nós tem seus próprios mistérios neurológicos.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

NENHUM TALENTO PARA DECORAÇÃO

Sempre às voltas com mudanças e sem nenhum talento para decoração. A vida nem sempre te instrumenta para as dificuldades que hão de vir, que farão parte do teu destino. Alguns parecem nascer prontos. Sabem, desde cedo, o que lhes cabe, como fazer, como ocupar seu espaço neste mundo. São os tais talentos inatos. Outros ralam para aprender.
Com o passar do tempo, e 15 mudanças mais tarde, aprendi a organizar melhor o espaço do lar-doce-lar. Mas o bom gosto e a habilidade da minha mãe quem herdou foi a minha irmã.
Um teste psicotécnico revelaria que a minha "inteligência espacial" é quase nula. Então, é um tanto torturante, preciso arrastar os móveis pela casa para testar o que cabe e o que fica bem aonde.
Mas, progredi, acho. Fui arrumar o AP do meu filho. Gostei do resultado. Espero que os outros gostem também.