domingo, 26 de dezembro de 2010

OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE??

Refletindo sobre convenções e tradições, é sempre surpreendente constatar que, na verdade, os convencionalismos são meros pretextos atrás dos quais o ser humano tenta ocultar a própria má fé. Os sentimentos mais mesquinhos são protegidos por pretextos e falsos argumentos habilmente tecidos, alguns fundamentados em princípios religiosos.

No nível macro, teorias sociológicas e econômicas foram, e ainda são, construídas, tratados são publicados para justificar a exploração de seres humanos,uns pelos outros; foi assim com a escravidão negra e com outras formas de escravidão, foi assim com o estado teocrático quando se alegava o "direito divino dos reis" que, para exercer o poder temporal, se diziam enviados de Deus, ou o próprio Deus!!

No plano individual, as mulheres sabem o que significa estar subjugada por teorias mirabolantes concebidas pelo poder masculino. Mas, os homens também tem sido vítima de suas próprias teorias na medida em que permaneceram limitados a padrões tão rigidos que lhes negavam até mesmo o direito de chorar.
Noentanto, o mais surpreedente é perceber que as próprias mulheres vestem tão bem esse molde que assumem a pregação daquilo que não lhes convém...Algumas vestem, literalmente, como as muçulmanas que defendem o uso da burka, ou como as ocidentais que se vestem se despindo.

Haja tempo para mudanças construtivas e mais saudáveis, haja sabedoria para se safar dessas armadilhas, enquanto elas perduram.

Mas, o que me traz a essa reflexão, no dia seguinte às comemorações natalinas? Uma questão familar, pessoal... Decidi compatilhar por ser bastante absurda. E, aqui, neste espaço (público e, parodoxalmente, reservado), em que me coloco como dona de casa, é o lugar ideal para ruminar... E para lembrar que ninguém, nascido neste mundo, foi mais anti-convencional do que Jesus Cristo: no lugar do "olho por olho", advogou a misericórdia; exortou todos ao não julgamento e conclamou para o exercício do perdão incondicional e do desapego aos bens materiais, curou no sábado, combateu o sacrifício de animais e os vendilhões do templo, deu as costas ao poder temporal...

sábado, 2 de outubro de 2010

Tudo me é lícito mas nem tudo me convém, tudo me é permitido mas a nada me prenderei...

Reflexão oportuna, neste momento de "pega pra capar", onde pessoas mentirosas e desonesteas que se rotulam "políticos", como se tais vocábulos fossem sinônimos, estão à solta, fazem a festa sob os nossos olhos incrédulos.

Não esqueçamos das lições dos seguidores de Jesus: a exortação de Paulo, feita há 2000 anos, se aplica agora, quando muitos se sentem tentados a fechar os olhos para a corrupção, desde que alguns resultados sejam apreciáveis, na esfera particular. Ora, isso é corromper-se!

Tomemos cuidado pois há uma doença contagiosa se propagando, perigosamente: apregoam-se mentiras deslavadas e usam como desculpa a defesa do bem estar do povo. Ou seja, mentir, trapacear, desviar recursos públicos, pode ser aceitável quando se busca um fim justo?

Meu amado pai, se hoje fosse vivo, estaria completando 82 anos. Foi com ele que aprendi a me interessar pela política e graças ao seu exemplo tornei-me uma leitora quase compulsiva de livros e jornais.

Leio menos do que desejo, sei menos do que almejo pois preciso ganhar a vida. Mas, graças a ele, ao seu exemplo de homem sério, estou sempre em busca do saber... E é por ele que, nas vésperas da eleição mais importante da nossa História, quando duas mulheres estão na disputa do mais alto cargo da República, que retomo este blog, com esse texto de dona de casa, mulher, mãe, trabalhadora.

Viva as mulheres! Abaixo os corruptos! E, se qualquer delas se corrompeu, que se torne desprezível aos olhos do eleitor pois não se pode justificar o voto apenas pelo sexo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Santa Catarina

Tenho passado férias em Santa Catarina. E me apaixonei, o que é inevitável tantas são as belezas e peculiaridades do lugar. Estou de luto, sinto como se fosse o meu estado. Um lugar agraciado pela natureza de modo tão especial e, agora, castigado por um verdadeiro dilúvio. O pensamento, e ações de solidariedade dos outros estados, dos outros brasileiros está com os catarinenses; invocamos dias de luz para secar rapidamente a terra encharcada e estancar as lágrimas dos que perderam seus familiares, que as ações das equipes de socorro, em todos os planos possam fluir com rapidez e harmonia, preservando as vidas que aguardam resgate.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Maternidade terceirizada

Os dias chuvosos chegaram e a cidade está de cores novas: verde cintilante, que se estende dos gramados às numerosas árvores; e cinza prata dourado, um efeito provocado por raios solares que tentam se infiltrar entre os blocos de nuvens espessas. A temperatura é agradável, a umidade relativa do ar, em torno de 50%, traz uma sensação de conforto e bem-estar, dispensando ventiladores e ar-condicionado. A atmosfera é suave, relaxante e o silêncio da tarde é rompido unicamente pelas risadas e gritos da criançada que brinca na quadra de esportes à frente da minha janela.

Quantas vezes, no passado, suspirei por momentos como este! Sonhava em estar em casa, à tarde, aproveitando a paz doméstica na companhia dos filhos. Apesar de algumas manobras nessa direção, não consegui o meu intento. Compensei, como possível, dedicando cada minuto livre. Mas, hoje, quando tenho a oportunidade de acompanhar o crescimento do meu neto, vejo claramente que tudo o que fiz foi pouco; e, principalmente, me dou conta de tudo o que deixei de usufruir, do muito que perdi não estando presente para testemunhar a rotina dos filhos, para secar suas lágrimas quando tinham medo, quando se machucavam...

Sei que, apesar disto, eles foram felizes porque cresceram, livres, nas superquadras de Brasília, que garantia liberdade e segurança, permitindo viver uma infância plena, semelhante a que a minha geração viveu nos subúrbios do Rio de Janeiro. Essa sorte, a criançada de agora, longe da supervisão dos pais, não tem. A segurança nas superquadras é coisa do passado. Talvez, por isto, os amplos espaços arborizados, com quadras de esporte e parquinhos, permaneçam desertos, a maior parte do tempo.

É um desperdício que não me canso de lamentar: onde estariam as crianças? Presas, nos apartamentos, ou circulando entre uma e outra atividade imposta pelos pais que pretendem, dessa forma, mantê-las ocupadas e a salvo. Não há coerência em se ter filhos para deixá-los, 8, 10 horas por dia, aos cuidados de terceiros, compartilhando com eles somente as sobras, as breves lacunas eventualmente existentes entre os períodos ocupados por nossas atividades.

Houve um passado em que era viável gerar vidas sem grandes planos, quando éramos robôs acionados por um projeto de vida padrão: crescer, casar e ter filhos; e permanecer ao redor da família de origem, pais, tios, primos, contando, portanto, com uma rede de apoio e afeto. Hoje, a rede de apoio é a empregada, a aula de natação, de judô, de ballet, de inglês... Recursos de classe média com que a classe pobre não pode contar. Em ambas as classes, as crianças estão relegadas, não ocupam o espaço de que necessitam na vida dos pais.

Talvez por isto as estatísticas estejam apontando para o envelhecimento da população brasileira o que, na Europa, já é um fato. Felizmente, começa a despontar uma consciência quanto ao compromisso e responsabilidades que se deve assumir de forma madura, uma verdadeira escolha: ter filhos para criá-los, não tê-los para se dedicar a outros interesses.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SERÁ QUE A CULPA É DA MÃE?

Manchetes em que mulheres e crianças são vítimas de homens enciumados já não espantam, tamanha é a sua freqüência. Então, nos mulheres, depois de termos conquistado o direito de viver a própria vida, conforme nossas escolhas pessoais, não vemos esse direito reconhecido por homens que não sabem lidar com perdas amorosas.

Há uma geração de homens jovens que, de modo surpreendente, não sabem viver essa modernidade, esse clima de liberdade do qual também se beneficiam. Afinal, de burros de carga, de criaturas a quem não se permitia externar emoções e fragilidades, passaram a ser vistos como os seres humanos que são, passaram a dividir a carga com a mulher.

O estranho é que esses, que agora freqüentam as manchetes, são de uma geração com mais acesso à informação, que cresceram assistindo novelas em que se apregoa um estilo mais livre de viver, desde que a TV Globo exibiu o seriado “Malu Mulher”, no final da década de 70!

Será que “a culpa é da mãe”? De algum modo a educação vem falhando quanto a mostrar a igualdade de direitos, quanto à obrigação de respeitar a decisão de um parceiro quando este diz: acabou.

Vejo preconceito entre as mulheres; não posso generalizar nem afirmar, não tenho nenhuma base científica, não promovi nenhuma pesquisa...Mas, o fato é que, ainda hoje, algumas parecem dizer ”prendam suas cabritas, meu bodes estão soltos”: aceitam que seus filhos tragam namoradas, muitas vezes sem buscar um contato com a mãe da garota que dorme em sua casa, sem questionar o filho.

Muitas repelem o convívio com mulheres separadas enquanto se penduram em casamentos fracassados tendo por lema “Não sou feliz mas tenho marido”. Há um preconceito muito mal disfarçado, de mulheres contra mulheres.

Vencidas as causas externas, as leis e os costumes, talvez falte, à própria mulher, ensinar filhos do sexo masculino a aceitar frustrações, a encarar a possibilidade do fim de uma relação, com a consequente obrigação de sustento dos inocentes sem, nunca, usar subterfúgios do tipo: não vou dar dinheiro para essa ...Não vou sustentar mulher para outro homem...

Com esse e outros subterfúgios, que alguns insistem em chamar de amor, mata-se covardemente, como se vê na notícia aí ao lado, publicada no “O Globo” de hoje.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

INFANTICÍDIO

Nos últimos dias, ando bastante austera, escrevendo textos nada voltados para as amenidades da rotina doméstica. É que a onda de crimes contra crianças, e de crimes por elas praticados no interior das escolas, me inquieta, me angustia. E eu tenho certeza de conhecer a fórmula, a mágica capaz de, em pouco tempo, reverter tudo isto.

Mas, quem sou eu? Eu que sequer tenho ânimo para me converter em uma militante de alguma causa, que não tenho a menor intenção de fundar uma organização de defesa do jovem e da criança... Eu que não me mobilizo e que, a única coisa que me vejo capaz de fazer é escrever para desabafar esse quase desespero.

Na periferia do Rio de Janeiro, por exemplo, é cruelmente rotineira a morte de jovens durante incursões policiais em favelas. E, ainda que estivessem envolvidos com o mundo do crime, a perda prematura de suas vidas deveria ser vista por todos como aquilo que é, de fato, uma catástrofe. Não faz muito tempo, o Jornal "O Globo" publicou reportagem sobre a história de uma mãe que investigou, pessoalmente, a morte do filho. Seu objetivo, felizmente alcançado, era provar que seu filho morreu inocente, embora a Polícia o tivesse incriminado para não assumir a responsabilidade que lhe cabia no desfecho desastrado da invasão da favela onde o jovem morto residia.

Não bastasse isso, a pedofilia, acontecendo entre quatro paredes, às ocultas, trata as crianças como objetos. Recebi um email, hoje, com informações que teriam como origem a CPI da pedofilia. Coisas de estarrecer, com foto e nome de um dos criminosos que seria, segundo o email, um alto funcionário do Banco Central.

Será que, sempre, se desrespeitou, assim, os jovens indefesos? Talvez os meios modernos de comunicação, anulando distâncias espaciais e temporais, estejam trazendo a tona o que estava submerso.

E ainda há quem defenda a redução da maioridade penal como se a prática de crimes por menores não decorresse de omissão e de irresponsabilidade dos pais e do poder público.

O necessário é aplicar a “fórmula mágica”: educar para salvar.

Os índices de mortalidade infantil vem declinado como conseqüência de ações governamentais de saúde pública. Mas, e quanto as mortes por violência? E quanto a “morte em vida” que é estar fora do alcance de efetivas ações educacionais?

sábado, 15 de novembro de 2008

PREVENIR, AINDA É MELHOR QUE REMEDIAR

“Prevenir é melhor que remediar”, ensina a sabedoria popular. E a prevenção significa, qualquer que seja o âmbito, estar absolutamente focado no momento. Em segurança pública, significa a presença da polícia nas ruas; em saúde, significa garantir, primordialmente, saneamento básico e alimentação de qualidade. Quanto menos se investe nesses setores, que trazem qualidade para a vida presente, mais se gastará no futuro, tratando de doenças.

O futuro, de um indivíduo ou de uma nação, reside no agora. Prevenir, em educação, significa investir na formação do cidadão, desde a 1ª infância e em várias frentes; do ensino formal, visando à alfabetização e à aquisição de conhecimentos básicos, ao desenvolvimento de uma consciência moral elevada.

Mas, a infância e a juventude estão abandonadas, ao deusdará. Com o advento da Internet e do Orkut, jovens e crianças se aproximam e formam grupos sem qualquer supervisão da família. Do passado, em que todos os amigos dos filhos residiam nas redondezas e eram conhecidos da família, ao presente, em que, com um click, se faz faz amigos mundo a fora.

Antes, fazia-se contato com os amigos dos filhos interceptando telefonemas que estes recebiam, no telefone fixo da residência; sondava-se, antes de passar as ligações e era possível conhecê-los, saber seus nomes, ainda à distância. Hoje, quando todos tem celular, pouco se sabe da rede de relacionamento dos filhos.

A reação da família, das escolas e demais sistemas do governo a essas mudanças tem sido muito lenta. E o futuro, que deveria estar sendo construído agora, parece cada vez mais remoto, cada vez menos provável.

Haverá futuro quando não se prioriza filhos e família?

As mulheres, agindo ao modo masculino, priorizam relacionamentos que vão se sucedendo (pois não é nada fácil manter e consolidar uma união) enquanto os filhos vão sendo deixados em segundo plano.

As famílias de baixa renda são chefiadas, em sua maioria, exclusivamente por mulheres; com filhos de pais diferentes. O problema maior dessas crianças não é a internet, é a omissão total do pai e a ausência da mãe que está fora, ganhando o sustento da casa.

Quando a decisão é não priorizar família e filhos, por que tê-los?

Mas, será que a maioria toma, em algum momento, alguma decisão de forma consciente? Será que há uma reflexão e um plano ou as pessoas, levianamente, vão deixando rolar?

A prevenção da prevenção, digamos assim, consiste na educação, instrumento capaz de ensinar o indivíduo a ser responsável.