quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Santa Catarina

Tenho passado férias em Santa Catarina. E me apaixonei, o que é inevitável tantas são as belezas e peculiaridades do lugar. Estou de luto, sinto como se fosse o meu estado. Um lugar agraciado pela natureza de modo tão especial e, agora, castigado por um verdadeiro dilúvio. O pensamento, e ações de solidariedade dos outros estados, dos outros brasileiros está com os catarinenses; invocamos dias de luz para secar rapidamente a terra encharcada e estancar as lágrimas dos que perderam seus familiares, que as ações das equipes de socorro, em todos os planos possam fluir com rapidez e harmonia, preservando as vidas que aguardam resgate.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Maternidade terceirizada

Os dias chuvosos chegaram e a cidade está de cores novas: verde cintilante, que se estende dos gramados às numerosas árvores; e cinza prata dourado, um efeito provocado por raios solares que tentam se infiltrar entre os blocos de nuvens espessas. A temperatura é agradável, a umidade relativa do ar, em torno de 50%, traz uma sensação de conforto e bem-estar, dispensando ventiladores e ar-condicionado. A atmosfera é suave, relaxante e o silêncio da tarde é rompido unicamente pelas risadas e gritos da criançada que brinca na quadra de esportes à frente da minha janela.

Quantas vezes, no passado, suspirei por momentos como este! Sonhava em estar em casa, à tarde, aproveitando a paz doméstica na companhia dos filhos. Apesar de algumas manobras nessa direção, não consegui o meu intento. Compensei, como possível, dedicando cada minuto livre. Mas, hoje, quando tenho a oportunidade de acompanhar o crescimento do meu neto, vejo claramente que tudo o que fiz foi pouco; e, principalmente, me dou conta de tudo o que deixei de usufruir, do muito que perdi não estando presente para testemunhar a rotina dos filhos, para secar suas lágrimas quando tinham medo, quando se machucavam...

Sei que, apesar disto, eles foram felizes porque cresceram, livres, nas superquadras de Brasília, que garantia liberdade e segurança, permitindo viver uma infância plena, semelhante a que a minha geração viveu nos subúrbios do Rio de Janeiro. Essa sorte, a criançada de agora, longe da supervisão dos pais, não tem. A segurança nas superquadras é coisa do passado. Talvez, por isto, os amplos espaços arborizados, com quadras de esporte e parquinhos, permaneçam desertos, a maior parte do tempo.

É um desperdício que não me canso de lamentar: onde estariam as crianças? Presas, nos apartamentos, ou circulando entre uma e outra atividade imposta pelos pais que pretendem, dessa forma, mantê-las ocupadas e a salvo. Não há coerência em se ter filhos para deixá-los, 8, 10 horas por dia, aos cuidados de terceiros, compartilhando com eles somente as sobras, as breves lacunas eventualmente existentes entre os períodos ocupados por nossas atividades.

Houve um passado em que era viável gerar vidas sem grandes planos, quando éramos robôs acionados por um projeto de vida padrão: crescer, casar e ter filhos; e permanecer ao redor da família de origem, pais, tios, primos, contando, portanto, com uma rede de apoio e afeto. Hoje, a rede de apoio é a empregada, a aula de natação, de judô, de ballet, de inglês... Recursos de classe média com que a classe pobre não pode contar. Em ambas as classes, as crianças estão relegadas, não ocupam o espaço de que necessitam na vida dos pais.

Talvez por isto as estatísticas estejam apontando para o envelhecimento da população brasileira o que, na Europa, já é um fato. Felizmente, começa a despontar uma consciência quanto ao compromisso e responsabilidades que se deve assumir de forma madura, uma verdadeira escolha: ter filhos para criá-los, não tê-los para se dedicar a outros interesses.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SERÁ QUE A CULPA É DA MÃE?

Manchetes em que mulheres e crianças são vítimas de homens enciumados já não espantam, tamanha é a sua freqüência. Então, nos mulheres, depois de termos conquistado o direito de viver a própria vida, conforme nossas escolhas pessoais, não vemos esse direito reconhecido por homens que não sabem lidar com perdas amorosas.

Há uma geração de homens jovens que, de modo surpreendente, não sabem viver essa modernidade, esse clima de liberdade do qual também se beneficiam. Afinal, de burros de carga, de criaturas a quem não se permitia externar emoções e fragilidades, passaram a ser vistos como os seres humanos que são, passaram a dividir a carga com a mulher.

O estranho é que esses, que agora freqüentam as manchetes, são de uma geração com mais acesso à informação, que cresceram assistindo novelas em que se apregoa um estilo mais livre de viver, desde que a TV Globo exibiu o seriado “Malu Mulher”, no final da década de 70!

Será que “a culpa é da mãe”? De algum modo a educação vem falhando quanto a mostrar a igualdade de direitos, quanto à obrigação de respeitar a decisão de um parceiro quando este diz: acabou.

Vejo preconceito entre as mulheres; não posso generalizar nem afirmar, não tenho nenhuma base científica, não promovi nenhuma pesquisa...Mas, o fato é que, ainda hoje, algumas parecem dizer ”prendam suas cabritas, meu bodes estão soltos”: aceitam que seus filhos tragam namoradas, muitas vezes sem buscar um contato com a mãe da garota que dorme em sua casa, sem questionar o filho.

Muitas repelem o convívio com mulheres separadas enquanto se penduram em casamentos fracassados tendo por lema “Não sou feliz mas tenho marido”. Há um preconceito muito mal disfarçado, de mulheres contra mulheres.

Vencidas as causas externas, as leis e os costumes, talvez falte, à própria mulher, ensinar filhos do sexo masculino a aceitar frustrações, a encarar a possibilidade do fim de uma relação, com a consequente obrigação de sustento dos inocentes sem, nunca, usar subterfúgios do tipo: não vou dar dinheiro para essa ...Não vou sustentar mulher para outro homem...

Com esse e outros subterfúgios, que alguns insistem em chamar de amor, mata-se covardemente, como se vê na notícia aí ao lado, publicada no “O Globo” de hoje.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

INFANTICÍDIO

Nos últimos dias, ando bastante austera, escrevendo textos nada voltados para as amenidades da rotina doméstica. É que a onda de crimes contra crianças, e de crimes por elas praticados no interior das escolas, me inquieta, me angustia. E eu tenho certeza de conhecer a fórmula, a mágica capaz de, em pouco tempo, reverter tudo isto.

Mas, quem sou eu? Eu que sequer tenho ânimo para me converter em uma militante de alguma causa, que não tenho a menor intenção de fundar uma organização de defesa do jovem e da criança... Eu que não me mobilizo e que, a única coisa que me vejo capaz de fazer é escrever para desabafar esse quase desespero.

Na periferia do Rio de Janeiro, por exemplo, é cruelmente rotineira a morte de jovens durante incursões policiais em favelas. E, ainda que estivessem envolvidos com o mundo do crime, a perda prematura de suas vidas deveria ser vista por todos como aquilo que é, de fato, uma catástrofe. Não faz muito tempo, o Jornal "O Globo" publicou reportagem sobre a história de uma mãe que investigou, pessoalmente, a morte do filho. Seu objetivo, felizmente alcançado, era provar que seu filho morreu inocente, embora a Polícia o tivesse incriminado para não assumir a responsabilidade que lhe cabia no desfecho desastrado da invasão da favela onde o jovem morto residia.

Não bastasse isso, a pedofilia, acontecendo entre quatro paredes, às ocultas, trata as crianças como objetos. Recebi um email, hoje, com informações que teriam como origem a CPI da pedofilia. Coisas de estarrecer, com foto e nome de um dos criminosos que seria, segundo o email, um alto funcionário do Banco Central.

Será que, sempre, se desrespeitou, assim, os jovens indefesos? Talvez os meios modernos de comunicação, anulando distâncias espaciais e temporais, estejam trazendo a tona o que estava submerso.

E ainda há quem defenda a redução da maioridade penal como se a prática de crimes por menores não decorresse de omissão e de irresponsabilidade dos pais e do poder público.

O necessário é aplicar a “fórmula mágica”: educar para salvar.

Os índices de mortalidade infantil vem declinado como conseqüência de ações governamentais de saúde pública. Mas, e quanto as mortes por violência? E quanto a “morte em vida” que é estar fora do alcance de efetivas ações educacionais?

sábado, 15 de novembro de 2008

PREVENIR, AINDA É MELHOR QUE REMEDIAR

“Prevenir é melhor que remediar”, ensina a sabedoria popular. E a prevenção significa, qualquer que seja o âmbito, estar absolutamente focado no momento. Em segurança pública, significa a presença da polícia nas ruas; em saúde, significa garantir, primordialmente, saneamento básico e alimentação de qualidade. Quanto menos se investe nesses setores, que trazem qualidade para a vida presente, mais se gastará no futuro, tratando de doenças.

O futuro, de um indivíduo ou de uma nação, reside no agora. Prevenir, em educação, significa investir na formação do cidadão, desde a 1ª infância e em várias frentes; do ensino formal, visando à alfabetização e à aquisição de conhecimentos básicos, ao desenvolvimento de uma consciência moral elevada.

Mas, a infância e a juventude estão abandonadas, ao deusdará. Com o advento da Internet e do Orkut, jovens e crianças se aproximam e formam grupos sem qualquer supervisão da família. Do passado, em que todos os amigos dos filhos residiam nas redondezas e eram conhecidos da família, ao presente, em que, com um click, se faz faz amigos mundo a fora.

Antes, fazia-se contato com os amigos dos filhos interceptando telefonemas que estes recebiam, no telefone fixo da residência; sondava-se, antes de passar as ligações e era possível conhecê-los, saber seus nomes, ainda à distância. Hoje, quando todos tem celular, pouco se sabe da rede de relacionamento dos filhos.

A reação da família, das escolas e demais sistemas do governo a essas mudanças tem sido muito lenta. E o futuro, que deveria estar sendo construído agora, parece cada vez mais remoto, cada vez menos provável.

Haverá futuro quando não se prioriza filhos e família?

As mulheres, agindo ao modo masculino, priorizam relacionamentos que vão se sucedendo (pois não é nada fácil manter e consolidar uma união) enquanto os filhos vão sendo deixados em segundo plano.

As famílias de baixa renda são chefiadas, em sua maioria, exclusivamente por mulheres; com filhos de pais diferentes. O problema maior dessas crianças não é a internet, é a omissão total do pai e a ausência da mãe que está fora, ganhando o sustento da casa.

Quando a decisão é não priorizar família e filhos, por que tê-los?

Mas, será que a maioria toma, em algum momento, alguma decisão de forma consciente? Será que há uma reflexão e um plano ou as pessoas, levianamente, vão deixando rolar?

A prevenção da prevenção, digamos assim, consiste na educação, instrumento capaz de ensinar o indivíduo a ser responsável.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A geografia da fome

Levei um susto, hoje pela manhã, no Supermercado, com o preço do KG da carne de primeira, R$14,00, na promoção! Não comprei. Há menos de três meses, pagava R$8,00. Vou aturar reclamações dos comensais aqui de casa; mas, o cardápio vai variar entre frango frito, frango ensopado, frango assado... E peixe.

De volta à casa, passei a lamentar, em longo papo com a minha secretária do lar, relembrando o período inflacionário. Falo e bato na madeira três vezes. Foram tempos difíceis, para mim, aqui no DF e para ela, no Ceará.

Eu “caprichava” na seleção do que comprar tentando me defender como possível, já que, recebendo pagamento a cada 30 dias, via meus rendimentos serem reduzidos, em percentual de 25% ao mês, taxa de inflação da época. O cardápio, com alimentos capazes de “encher a pança” de filhos pré-adolescentes, variava de frango para frango e saborosos nacos de carne de segunda (peito, acém, costela...). Vísceras, nunca, pois eu já havia aprendido que armazenavam hormônios e antibióticos com que o gado era tratado.

Quanto à minha querida secretaria, na época ainda uma criança, restava-lhe, assim como para os irmãos, privações e fome. O cardápio, segundo sua narrativa, era composto de feijão, milho, e farinha de mandioca, plantados pelo pai e irmãos. Outros itens (e apenas os indispensáveis) eram comprados “fiado” e o pagamento, realizado somente uma vez por ano, na época da colheita do algodão.

Se eu me queixo do salário defasado, recebido a cada 30 dias, imaginem vocês o que sobrava para essa família, do produto da colheita do algodão? Nada. A conta, registrava valores variados, correspondentes a preços diversos, segundo a oscilação provocada pela inflação, ao longo de um ano inteiro. E o total da dívida era calculado com base nos preços da época do pagamento. Covardia, não é mesmo?

Na época, não existiam os programas sociais que, se por um lado podem incentivar a malandragem, por outro vem atender necessidades básicas que, infelizmente, nem sempre o livre mercado é capaz de suprir.

Minha secretaria é uma pessoa muito querida, que eu admiro; ela traz no próprio corpo as marcas desse passado de fome, marcas que eu vi descritas em livros do cientista Josué de Castro (Geografia da Fome e Geopolítica da Fome). Mas nunca se faz de vítima, é uma lutadora.

Espero que a fome seja varrida do mapa, que a crise financeira que abala o planeta sirva de inspiração para novas idéias, idéias inteligentes para um mundo melhor que permitam o crescimento saudável de corpo e mente.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Desligando o piloto automático

Eu, até hoje, não tenho um plano. Sempre fui um tanto bagunceira, inquieta e instável. Talvez por isto tenha me interessado, desde cedo, por seitas e religiões que oferecessem mais respostas do que as que eu ouvia, habitualmente, nas missas dominicais. E, em contato com literaturas que referiam o zen-budismo e a meditação, entendi que poderia educar a mim mesma, aprender a centrar-me no momento presente.

Mas, entre entender e vivenciar plenamente, vai uma longa jornada. De qualquer modo, aderi e comecei a concentrar a atenção em cada momento. E vi que funcionava! É tão simples e tão fantástico. Ainda agora, estou tentando e não sou bem sucedida em várias ocasiões.

Por exemplo, quando cozinho, muitas vezes meu pensamento viaja, me “ausento”, vou sei lá para onde, penso na próxima atividade a ser realizada, nos compromissos do dia seguinte... Aterriso, de repente, volto ao ato de cozinhar, à panela fervente de arroz e acrescento sal e, que m..., acho que eu já havia colocado sal! Coloquei; não coloquei; não me lembo... Provo e constato: salguei o arroz. Tudo porque não me concentrei no ato de cozinhar, liguei o “piloto automático” e “viajei”...

Para onde? Para algum lugar aprazível? Não; viajava no meu mundo mental, onde permito que residam pré-ocupações, onde, após “abandonar” as ações presentes, fico antecipando o que ainda está para acontecer e que, nem mesmo sei se vai, realmente, acontecer. Essa não é uma atitude inteligente. Quando me concentro, tenho três ganhos: a minha mente relaxa, desenvolvo a ação com maior rapidez e raramente preciso corrigir erros.

O meu trabalho fora do lar, pela sua natureza, me obrigava à concentração. Sempre me dei conta, desde os 18 anos quando comecei na profissão, que deixava os problemas do lado de fora e que, ao final da jornada, aquilo que me preocupara pela manhã, parecia já não ter a mesma importância. Mas não que eu fosse detentora de alguma habilidade ou característica que me permitisse não “misturar as estações”. Não, não era uma virtude pessoal, era a sorte de trabalhar com Contabilidade, com planilhas e uma multidão de números. Somente quando conheci a meditação oriental, quando li sobre o zen budismo foi que entendi e pude tirar proveito, conscientemente, da capacidade natural de concentração que todos nós temos, uns mais, outros menos.

Quem ainda não tentou, vale experimentar, focar a atenção em cada momento, um momento de cada vez, desligando o "piloto automático".

domingo, 2 de novembro de 2008

Tudo ou nada; oito ou oitenta...

Uma vida em total ociosidade, sem nenhuma demanda, não seria do meu agrado e, acredito que, de ninguém. Mas, na vida, tudo parece tender ao exagero: “tudo” ou “nada”, “oito” ou “oitenta”.

Na juventude e na idade adulta, desdobramo-nos para dar conta de mil coisas (a multi-mulher da propaganda de uma nova marca de eletro-domésticos) e mal vemos nossos filhos crescerem.

Lembro-me de que eu, que vivia tão sem tempo, contraditoriamente chegava a desejar que o tempo passasse rápido e que meus filhos chegassem à vida adulta. Era pura ansiedade, desejo de ver a minha “missão” cumprida. Por um bom período, tive uma espécie de calendário particular, contava o tempo de quatro em quatro anos: nas próximas olimpíadas fulaninho terá 12 anos, sicraninho terá 16... E eu vou poder respirar, tomar fôlego, com filhos chegando à adolescência.

Enquanto, assim, pensava, tinha plena consciência daquele estado de delírio porque, na verdade, curtia a infância e a graciosidade deles, suas peraltices e risos plenos de alegria. Mas, eu vivia sempre assombrada com o que pudesse acontecer a qualquer deles, na minha ausência, daí o meu desejo de que eles, rapidamente, estivessem apitos a se auto-proteger.

Agora, numa fase de demandas mais equilibradas, percebo que o equilíbrio entre demandas da vida e tempo disponível para atendê-las depende de que, logo ao final da adolescência, tracemos um plano: onde desejamos chegar, o que desejamos para nossas vidas.

Há muitos que, precocemente, são capazes de traçar esse plano: trata-se de uma categoria de pessoas que parecer saber exatamente o que veio fazer neste mundo. E, exatamente por saber, são dotados de uma vontade férrea que parece guiar seus passos. Esses, não perdem tempo e nem são ansiosos. Mas, por vezes, são impacientes com a “lerdeza” de nós outros que, quanto mais corremos, mais atrasados estamos.

Se os pais se preparassem de forma completamente consciente para suas responsabilidades futuras, guiariam melhor seus filhos nesse “plano” de vida de modo que, mesmos aqueles que não nascessem dotados com essa espécie de “guia interno”, seriam melhor sucedidos em suas escolhas, conquistando rotinas mais equilibradas. E viveríamos, todos, sem essa terrível ansiedade que ameaça corroer nossa alma, que nos torna prisioneiros do relógio.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Não alugo o meu tempo

Ando sempre em busca de alguma coisa em que me empenhar, me comprometer. Penso, repenso e não decido por qual tipo de ocupação fixa vou optar. Logo, me dou conta de que não quero nada, sou uma “preguiçosa” de carteirinha. Estou curtindo essa liberdade de ser a dona do meu tempo.

Esses dias, contestei a minha empregada que reclamava do que estava pagando à pessoa que cuidava do filho dela, remoendo que a fulana não fazia nada, só tomava conta do menino. Ora, mas a fulana estava alugando o que lhe era mais precioso, o próprio tempo, dispondo de um dia inteiro para estar na casa alheia, enquanto a dona não voltava do trabalho.

Quase todos, uns mais, outros menos, somos escravos de rotinas muito pesadas. A mulher, então, nem se fala. A sensação de opressão, nessas circunstâncias, está sempre presente. Às vezes, o coração acelera, as mãos transpiram enquanto mantemos os olhos pregados no relógio, cientes do pouco tempo que nos resta para concluir uma tarefa já que um outro compromisso nos espera. E passamos a vida a correr, para garantir a sobrevivência. Certo que, alguns, correm para sustentar vícios de consumo exagerados. Mas, para a maioria, em que eu me incluo, trata-se de questão de sobrevivência: para garantir o básico.

Não, hoje, estou fora dessa maioria; faço parte da minoria que tem tempo. E, às vezes, percebo que há um certo sentimento de culpa tentando ditar meus passos, querendo brigar com essa preguiça. Quem vencerá?

O bom senso deve prevalecer. Afinal, ainda não descansei o suficiente do tempo que passei correndo. E, de qualquer modo, ainda que descansada e entediada, nunca mais alugaria o meu tempo.

Lembro-me de um escritor que, em entrevista ao Programa da Oprah Winfrey, contou como fizera para sobreviver sem trabalhar, jamais abrindo mão de ser o dono da própria vida. Obviamente que, ao comparecer àquele programa, já detinha condição financeira que lhe permitia essa escolha, um escritor famoso; mas, no passado não era assim.

Sempre podemos encontrar um jeito simples de viver, sem atender aos apelos do consumo,sem entulhar o guarda-roupa e a sapateira, sem entupir a casa de eletro-eletrônicos... e, principalmente, planejando melhor a família e a vida. É o que faria se precisasse recomeçar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

VOLTEI!

Muito tempo ausente deste espaço, não por falta de assunto e, sim por excesso! Muito trabalho, em casa; uma mudança de residência; formatura de filho; filho mudando de emprego; novo neto chegando; uma hérnia lombar e um repouso forçado ... Enfim, emoções de sobra!

Eu, querendo deixar de ser sedentária (dona de casa sedentária? É ruim hein!) acabei me acidentando em uma academia. E fiquei, então, efetivamente, sedentária, deitada ou recostada, sem poder sentar! Depois de algum tempo meio grogue, deixei de lado os analgésicos e recorri ao shiatsu, que maravilha! Mais tarde, passei a fazer aulas de anti-ginástica. Gostei, também.

É uma pena que esses recursos, essas terapias alternativas, não estejam ao alcance da maioria. Além de curar, ou estabilizar, são também preventivas.

Muito obrigada a vocês, amigos leitores, que tem vindo até aqui, durante a minha ausência.

Abração!