sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A Lição de Rita Apoena

Talento e disponibilidade nem sempre estão presentes simultaneamente. Às vezes, desconhecemos nossos próprios recursos; ou estamos presos à satisfação das necessidades mais prementes, forçados a relegar a um plano secundário, a uma ocasião futura, a realização de desejos que nos são caros. Tudo o que diz respeito ao refinamento do espírito, ao auto-conhecimento, às possibilidades de ganhos intelectuais e culturais, é negligenciado ante a necessidade humana de garantir um teto e, pelo menos, quatro refeições básicas diárias rsrsrsrsrs.

A mulher, principalmente, é uma escrava dessas contingências na missão de garantir o próprio sustento e o de terceiros e o de prover cuidados à família. Por que ela abre mão de si mesmo, por assim dizer, os tais “terceiros” (marido, filhos e agregados) têm a chance de progredir. O lar é um mini estado com muitos encargos onde tudo precisa acontecer no tempo certo para que a ordem se mantenha. E, por que a ordem se mantém, pouco se valoriza a pessoa que conduz essa orquestra que produz a suave melodia da paz doméstica; seja a própria dona da casa, seja a empregada, nem a própria mulher, às vezes, valoriza o trabalho doméstico.

Quando criei este Blog, era nisto que pensava, nas “bobagens”, nas pequenas coisas que faz a vida de uma dona de casa, nos mil e um problemas do cotidiano que precisamos resolver. Pretendia, e pretendo, fazer pequenos relatos usando o que penso ser o meu talento: escrever. Mas fui pega pela falta de disponibilidade; quando precisei mergulhar de cabeça nas tarefas de limpar, de fazer supermercado, cozinhar e, ainda, manter o de sempre, conversar e usufruir da companhia dos meus filhos e do meu neto.

Fiz planos de me dedicar integralmente à escrita, já me comprometi com terceiros para escrever um livro na minha área (controle interno) e para desenhar um projeto dirigido a uma questão específica de administração pública... Ainda não pude por em prática tais ações. Aí, um dia, acesso um blog ultra interessante, de uma jovem que dá uma lição a esta experiente senhora no limiar da terceira idade: simplesmente, isolou-se, deixou tudo de lado para escrever o seu livro. Rita Apoena é o nome, ou pseudônimo, da menina. Ler o que ela escreve é um grande prazer. Quando consigo um tempinho, vou até lá. Aí, outro dia, outra menina, a Fábia Rossoni, posta aqui um comentário e, logo, leio, no seu perfil, sobre os seus projetos sendo postos em prática.
Gente, estou com vergonha dessas minhas desculpas... Será que são esfarrapadas? Será que posso fazer o tempo?

2 comentários:

shirlei horta disse...

São. São esfarrapadas. Disso eu entendo. Sou expert. E vou correndo ler a Rita Apoena - a que veio a ser porque não tinha sido.

seis passeios pelos bosques da ficção disse...

Poxa!!! vim agradecer seu comentário e me vejo citada aki em seu blog!!! Quanta honra!! Muito obrigada mesmo! Mas saiba que a menina aki (a Fábia) já não é mais tão menina, já tenho 30 anos e às vezes me sinto um pouco inerte também, com relação a todos os sonhos que eu tinha. Entre eles o de escrever um livro também. Somos consequência das decisões que tomamos num momento ou outro de nossas vidas e temos que conviver com elas. Torcendo para que frutifiquem, se tornando novas realidades!
bjs