domingo, 2 de novembro de 2008

Tudo ou nada; oito ou oitenta...

Uma vida em total ociosidade, sem nenhuma demanda, não seria do meu agrado e, acredito que, de ninguém. Mas, na vida, tudo parece tender ao exagero: “tudo” ou “nada”, “oito” ou “oitenta”.

Na juventude e na idade adulta, desdobramo-nos para dar conta de mil coisas (a multi-mulher da propaganda de uma nova marca de eletro-domésticos) e mal vemos nossos filhos crescerem.

Lembro-me de que eu, que vivia tão sem tempo, contraditoriamente chegava a desejar que o tempo passasse rápido e que meus filhos chegassem à vida adulta. Era pura ansiedade, desejo de ver a minha “missão” cumprida. Por um bom período, tive uma espécie de calendário particular, contava o tempo de quatro em quatro anos: nas próximas olimpíadas fulaninho terá 12 anos, sicraninho terá 16... E eu vou poder respirar, tomar fôlego, com filhos chegando à adolescência.

Enquanto, assim, pensava, tinha plena consciência daquele estado de delírio porque, na verdade, curtia a infância e a graciosidade deles, suas peraltices e risos plenos de alegria. Mas, eu vivia sempre assombrada com o que pudesse acontecer a qualquer deles, na minha ausência, daí o meu desejo de que eles, rapidamente, estivessem apitos a se auto-proteger.

Agora, numa fase de demandas mais equilibradas, percebo que o equilíbrio entre demandas da vida e tempo disponível para atendê-las depende de que, logo ao final da adolescência, tracemos um plano: onde desejamos chegar, o que desejamos para nossas vidas.

Há muitos que, precocemente, são capazes de traçar esse plano: trata-se de uma categoria de pessoas que parecer saber exatamente o que veio fazer neste mundo. E, exatamente por saber, são dotados de uma vontade férrea que parece guiar seus passos. Esses, não perdem tempo e nem são ansiosos. Mas, por vezes, são impacientes com a “lerdeza” de nós outros que, quanto mais corremos, mais atrasados estamos.

Se os pais se preparassem de forma completamente consciente para suas responsabilidades futuras, guiariam melhor seus filhos nesse “plano” de vida de modo que, mesmos aqueles que não nascessem dotados com essa espécie de “guia interno”, seriam melhor sucedidos em suas escolhas, conquistando rotinas mais equilibradas. E viveríamos, todos, sem essa terrível ansiedade que ameaça corroer nossa alma, que nos torna prisioneiros do relógio.

2 comentários:

Sonia Regly disse...

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