terça-feira, 4 de novembro de 2008

Desligando o piloto automático

Eu, até hoje, não tenho um plano. Sempre fui um tanto bagunceira, inquieta e instável. Talvez por isto tenha me interessado, desde cedo, por seitas e religiões que oferecessem mais respostas do que as que eu ouvia, habitualmente, nas missas dominicais. E, em contato com literaturas que referiam o zen-budismo e a meditação, entendi que poderia educar a mim mesma, aprender a centrar-me no momento presente.

Mas, entre entender e vivenciar plenamente, vai uma longa jornada. De qualquer modo, aderi e comecei a concentrar a atenção em cada momento. E vi que funcionava! É tão simples e tão fantástico. Ainda agora, estou tentando e não sou bem sucedida em várias ocasiões.

Por exemplo, quando cozinho, muitas vezes meu pensamento viaja, me “ausento”, vou sei lá para onde, penso na próxima atividade a ser realizada, nos compromissos do dia seguinte... Aterriso, de repente, volto ao ato de cozinhar, à panela fervente de arroz e acrescento sal e, que m..., acho que eu já havia colocado sal! Coloquei; não coloquei; não me lembo... Provo e constato: salguei o arroz. Tudo porque não me concentrei no ato de cozinhar, liguei o “piloto automático” e “viajei”...

Para onde? Para algum lugar aprazível? Não; viajava no meu mundo mental, onde permito que residam pré-ocupações, onde, após “abandonar” as ações presentes, fico antecipando o que ainda está para acontecer e que, nem mesmo sei se vai, realmente, acontecer. Essa não é uma atitude inteligente. Quando me concentro, tenho três ganhos: a minha mente relaxa, desenvolvo a ação com maior rapidez e raramente preciso corrigir erros.

O meu trabalho fora do lar, pela sua natureza, me obrigava à concentração. Sempre me dei conta, desde os 18 anos quando comecei na profissão, que deixava os problemas do lado de fora e que, ao final da jornada, aquilo que me preocupara pela manhã, parecia já não ter a mesma importância. Mas não que eu fosse detentora de alguma habilidade ou característica que me permitisse não “misturar as estações”. Não, não era uma virtude pessoal, era a sorte de trabalhar com Contabilidade, com planilhas e uma multidão de números. Somente quando conheci a meditação oriental, quando li sobre o zen budismo foi que entendi e pude tirar proveito, conscientemente, da capacidade natural de concentração que todos nós temos, uns mais, outros menos.

Quem ainda não tentou, vale experimentar, focar a atenção em cada momento, um momento de cada vez, desligando o "piloto automático".

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