terça-feira, 18 de novembro de 2008

INFANTICÍDIO

Nos últimos dias, ando bastante austera, escrevendo textos nada voltados para as amenidades da rotina doméstica. É que a onda de crimes contra crianças, e de crimes por elas praticados no interior das escolas, me inquieta, me angustia. E eu tenho certeza de conhecer a fórmula, a mágica capaz de, em pouco tempo, reverter tudo isto.

Mas, quem sou eu? Eu que sequer tenho ânimo para me converter em uma militante de alguma causa, que não tenho a menor intenção de fundar uma organização de defesa do jovem e da criança... Eu que não me mobilizo e que, a única coisa que me vejo capaz de fazer é escrever para desabafar esse quase desespero.

Na periferia do Rio de Janeiro, por exemplo, é cruelmente rotineira a morte de jovens durante incursões policiais em favelas. E, ainda que estivessem envolvidos com o mundo do crime, a perda prematura de suas vidas deveria ser vista por todos como aquilo que é, de fato, uma catástrofe. Não faz muito tempo, o Jornal "O Globo" publicou reportagem sobre a história de uma mãe que investigou, pessoalmente, a morte do filho. Seu objetivo, felizmente alcançado, era provar que seu filho morreu inocente, embora a Polícia o tivesse incriminado para não assumir a responsabilidade que lhe cabia no desfecho desastrado da invasão da favela onde o jovem morto residia.

Não bastasse isso, a pedofilia, acontecendo entre quatro paredes, às ocultas, trata as crianças como objetos. Recebi um email, hoje, com informações que teriam como origem a CPI da pedofilia. Coisas de estarrecer, com foto e nome de um dos criminosos que seria, segundo o email, um alto funcionário do Banco Central.

Será que, sempre, se desrespeitou, assim, os jovens indefesos? Talvez os meios modernos de comunicação, anulando distâncias espaciais e temporais, estejam trazendo a tona o que estava submerso.

E ainda há quem defenda a redução da maioridade penal como se a prática de crimes por menores não decorresse de omissão e de irresponsabilidade dos pais e do poder público.

O necessário é aplicar a “fórmula mágica”: educar para salvar.

Os índices de mortalidade infantil vem declinado como conseqüência de ações governamentais de saúde pública. Mas, e quanto as mortes por violência? E quanto a “morte em vida” que é estar fora do alcance de efetivas ações educacionais?

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